O PREÇO DO RESGATE E SEU VALOR SIMBÓLICO
O fim do seqüestro do corpo está sempre ligado ao pagamento, ou não, do valor do resgate.
A pessoa seqüestrada, que até então foi vítima dos seqüestradores, agora também está entregue nas mãos daqueles que compõem o seu horizonte de
Sentido.
Não são raros os casos em que a vítima experimenta nesta hora uma grande insegurança. O cativeiro minou seu amor próprio, prejudicou sua auto-estima.
É ai que lhe ocorre uma dúvida cruel: será que existe alguém interessado em me retirar daqui?
Medo que nos faz esquecer o que amávamos; que dilui nossa identificação e que não nos permite mais a diferenciação do mundo.
Este é o quadro. O seqüestro do corpo é uma violência terrível, porque, ao retirar a pessoa de seu horizonte de sentido, expõe-lhe ao absurdo do esquecimento de suas potencialidades. O corpo é o primeiro a ser acorrentado e rendido, para que depois, aos poucos, seja também rendida e acorrentada a sua alma.
O pagamento do resgate é concreto, mas resguarda também um precioso valor simbólico. Ele concretiza a certeza do amor.
Nome do livro: Quem me roubou de mim
Páginas: 25 á 28
Autor: Fábio de Melo
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