DEPOIS DO CATIVEIRO, O APRENDIZADO
A sabedoria popular nos ensina que há sempre um aprendizado a ser recolhido da dor.
Por isso, depois do cativeiro, o aprendizado. A experiência da distância nos ajuda a mensurar o valor, e o seqüestrado, depois de livre, mergulha nesta verdade. O ser humano acostuma-se com o que tem, com que ama, e somente a ruptura com o que se tem e com que se ama abre-lhe os olhos para o real valor de tudo que estava ao seu redor.
A ausência ainda é uma forma interessante de mensurar o que amamos e o que queremos bem.
O resgate, o pagamento que nos dá o direito de voltar ao que é nosso, condensa um significado interessante. Ele é a devolução. Compramos de novo o que sempre foi nosso.
Distantes do que antes era tão próximo, recobramos a visão encantadora do nosso lugar. Olhamos de um jeito novo.
No momento da ameaça de perder tudo isso, o que mais desejamos é a nova oportunidade de refazer a nossa vida. O que desejamos é a possibilidade de um retorno que nos possibilite ver as mesmas coisas de antes, mas de um jeito novo, aperfeiçoado pela ausência e pela restrição.
Distantes dos nossos significados, não há possibilidades de felicidade. Por isso, depois do seqüestro, a vida nunca mais poderá ser a mesma.
Obra: Quem me roubou de mim?
Autor: Fábio de Melo
Páginas: 28 á 30
Editora: Canção Nova
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