| Mulheres de aço e de flores | |
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Autor | Mensagem |
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mary
Mensagens : 20 Data de inscrição : 19/02/2009 Idade : 51
| Assunto: Mulheres de aço e de flores Sex Mar 13, 2009 3:33 am | |
| O que querem estas mulheres? “Mulheres de aço e de flores” é minha primeira aventura literária. A Literatura, paralela a tudo o que escrevo será um caminho que trilharei. É uma escolha que amadureci.
Ao escrever “Mulheres de aço e de flores” eu mergulhei no encanto do universo feminino e sobre ele quis contar histórias. São mulheres reais, outras de sonhos, mas todas elas estão vivas em algum lugar deste mundo.
Eu não quis escrever um livro de catequese. Não quis escrever um livro de auto ajuda. Quis apenas explorar os sentimentos humanos e respeitosamente tocá-los a partir de minha sensibilidade poética. Não tive medo de ousar. Não fiquei preocupado que as pessoas pudessem dizer – “Nossa, isso não é coisa que um padre possa escrever!” Não quis me prender a uma visão limita, que confisca o universo religioso ao discurso beato e pouco humano. Eu me inspirei nos escritores sagrados, e nas histórias que a Sagrada Escritura resguarda. A Bíblia é um livro vivo feito a partir de pessoas concretas e por isso é dialético, controverso. Há relatos interessantíssimos que mostram o lado mais mesquinho da vida humana. As traições, os assasinatos, os incestos, enfim, tudo o que é humano e que sempre temos coragem de contar.
O meu livro é um espaço de segredos confessos. É uma fala que deixei nascer porque a respeito profundamente. As mulheres, desde as mais recatadas até as mais ousadas, todas elas cumprem o ofício de mostrar o que somos. Elas, na coragem que a literatura me empresta, contam o que naturalmente não contamos. Duvidam do que não temos coragem de duvidar. Amam de um jeito que não gostamos de amar.E falam, falam e falam...
A literatura é o avesso da vida, mas pode ser também o seu lado mais acertado. Através dela podemos sugerir uma vida que ainda não temos, ou sonhos que ainda não nos pertencem. Ela pode nos colocar no prumo onde sobrevivem nossas forças e fraquezas, nossas vergonhas e nossas belezas.
“Minhas mulheres” são assim. Elas querem nos lembrar que é bonito ser humano. Que não é vergonhoso ser portador de fragilidades. Que a dor é universal, que a alegria nem sempre. Que a esperança é a terceira margem do amor. Que há sempre uma luz a ser devolvida, uma vela a ser acesa, um Elviro a ser domesticado, um Redentor a ser reconhecido. “Minhas mulheres” querem nos ensinar que o amor humano é a outra face do amor divino, e que ao ser resgatado humanamente pelo amor que me toca, de alguma forma os meus dedos alcançam a cruz. Que na pureza de um beijo experimentado a eternidade já nos mostra o seu sabor.
“Minhas mulheres” querem nos recordar que um riso pode nos ajudar a esquecer o peso da vida. Que uma história não pode ser vista somente a partir de uma frase, e que o texto tem sempre que ser analisado a partir de seu contexto. A mesma regra vale para a Sagrada Escritura, pois fora do contexto, há frases bíblicas que podem justificar até mesmo o assasinato brutal.
“Minhas mulheres” não são ofensivas. Elas são filhas do tempo, dos ventos, das dores, das alegrias. São filhas da vida, e nada que é verdadeiramente vivo pode ofender. Elas só são sinceras.
Por isso, se você desejar conhecer as “minhas mulheres”, aproxime-se do livro sabendo que se trata de uma obra literária. É um livro de histórias.
Não queira encontrar conselhos formulados, prontos para serem aplicados.
Mas uma coisa eu lhe prometo – Riso e choro! Tudo ao mesmo tempo.
Por que? Não sei. Eu também não sei porque as coisas me fazem rir ou chorar. Eu apenas obedeço ao impacto da vida e por ela me deixo envolver.
O meu livro é simples. Não é um tratado de teologia. Está longe de querer ser isso. Eu só o considero religioso. Não sei fazer nada que não seja. Ele tem sacralidades, mas tem também os rastros do profano. A vida é assim. O desafio do leitor é recolher sob o altar do coração o que ele eleger como sagrado, e expulsar o que considera profano. Nisso eu não entro, não tenho acesso porque é trabalho do leitor.
Agora uma coisa é certa – A maior pretensão das minhas mulheres é mostrar que no aço da dureza humana, a flor da Graça divina costuma nos surpreender generosa.
Boa leitura. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: fragmentos do livro Mulheres de Aço e de Flores Qui Set 09, 2010 10:36 pm | |
| MULHERES DE AÇO E DE FLORES
Ando tão apertada de costura que se o dia tivesse vinte e cinco horas ainda sobrariam três ou quatro botões para pregar. Essa vida anda depressa demais. Quando menos imagino, o dia já se foi, esse desaforado! | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:37 pm | |
| Vivo para ajeitar as mulheres. Prepará-las para ocasiões. São jantares, casamentos, formaturas. Vivo para ajudar a esconder os defeitos. A gordura localizada, a estria, a celulite. Em situações mais raras, saliento as virtudes. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:38 pm | |
| Adelaide Moura não costura com nenhuma outra pessoa porque só eu sei esconder aquele culote. Branca Rodarte não dá um passo para fora de casa se a roupa que estiver vestindo não tiver saído da minha máquina. É quase uma ciência a forma com que disfarço a sua falta de seios. Um enchimento aqui, outro enchimento ali. O tecido socorrendo a ausência de carnes. O que falta em umas sobra em outras.
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:39 pm | |
| Helena Sobreira não sabe o que fazer com tanta carne. A única cor que lhe cai um pouquinho melhor é o preto. Parece uma viúva eterna. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:39 pm | |
| Rosélia Adamastor nunca foi feliz. Talvez tenha sido a mulher mais bela que a nossa pequena cidade tenha conhecido. Mas a sua beleza não repercutiu na sua alma. Não foi o sufi ciente para lhe fazer feliz. Faltou um avesso de tramas resistentes. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:40 pm | |
| É estranho. Já Eliodora Fernandes sempre foi de uma feiúra de dar dó na gente. Mas o interessante é que nunca faltou um sorriso naquela criatura. O avesso foi bem feito. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:41 pm | |
| Eu costuro a realidade com linhas de sonhos. Imagino. E no ato de imaginar sou retirada para dançar, repito a sobremesa, comento a elegância dos adornos; troco olhares com o garçom. Rodopio enquanto danço pelo salão; recebo elogios pela escolha do penteado, a seda do vestido. Tudo isso sem sair de minha máquina.
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:42 pm | |
| Eu viajo é nas cores dos tecidos. Quilômetros e quilômetros de linhas me levam pelo mundo afora. O meu porto é a minha máquina. Nela eu sacramento partidas que não terminam nunca. Aprendi muito cedo que o sonho é mais que a realidade. No sonho, o cruel se desfaz com a mudança de foco. É simples. É só deixar de pensar. Se a paixão não convém é só trocar a cara. Fácil de resolver. A imaginação permite retoque, mudanças constantes.
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:42 pm | |
| De Belo Horizonte a Paris eu levo um segundo. Não pago passagem, nem tenho problema com excesso de bagagem. Eu vou leve. Esqueço as roupas. Volto pra buscar. Troco a cena.Mudo o clima.
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:43 pm | |
| O homem amado, o amor miúdo de toda hora, a espera no portão, o medo de que ele se atrase e que desista por vergonha, que não mande recado. Medo de que a espera fi que superior ao tempo reservado para as esperas que se confundem com a alegria. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:44 pm | |
| A casa sem número ainda em construção. A planta discutida; o desejo partilhado de uma varanda que nos proporcione uma visão do outro lado da rua. O lugar não habitado, clandestino, iluminado por um poste de madeira. Os insetos voando em movimentos circulares, tais como os amantes ao redor de suas esperanças. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:45 pm | |
| Coisas pequenas que nos fizessem reviver os encantos dos tempos já idos, vividos, ancorados nos porões da memória, dos dias em que a vida era acontecimento certo, rotina garantida, panos estendidos à espera de corte. | |
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regina Admin
Mensagens : 981 Data de inscrição : 04/08/2008
| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores Qui Set 09, 2010 10:48 pm | |
| Ela foi além. Atingiu também a minha alma. Costurou-me de forma definitiva às mãos que me fizeram mulher, ao ventre que me teceu para o mundo, o avesso de minha sustentação. | |
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| Assunto: Re: Mulheres de aço e de flores | |
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