ENTRE O DESEJO E O PRAZER
Como já vimos, torna-se pessoa é estabelecer o equilíbrio entre dois pilares: disposição de si e disponibilidade para o outro.
Sempre que falamos de vida afetiva, de alguma forma esbarramos em dois conceitos fundamentais: desejo e prazer. Somos movidos pelos desejos e pelos prazeres.
Fundamentado como pessoa, torna-se mais fácil viver a dinâmica do prazer sem dele torna-se escravo, e ao mesmo tempo saber descobrir o desejo como elemento vital que traz duração às relações humanas estabelecidas.
Quanto maior é a fragilidade de uma pessoa, maior é a facilidade que ela terá de entregar-se ao mundo do prazer, que naturalmente nega qualquer forma de sacrifício.
Já na perspectiva do desejo, a vida é mais real. Há sempre o espaço para o sacrifício, a luta, o desafio.
Por isso, faremos agora uma distinção que é de suma importância neste momento de nossa reflexão: desejo e prazer.
Há uma diferença fundamental a ser observada. Desejo não é o mesmo que prazer.
A busca pelo prazer pode nos cegar para a dignidade do outro e conseqüentemente acorrenta-lo nos cativeiros de nosso egoísmo.
Quando vivemos na esfera do desejo, isso se torna muito diferente, pois o desejo é bem mais profundo que o prazer. O desejo parece atuar em nossas motivações mais consistentes, e, assim, naturalmente tendemos a descobrir os sacrifícios e as limitações como processo natural para o crescimento que necessitamos.
Obra: Quem me roubou de mim? O seqüestro da subjetividade e o
desafio de ser pessoa
Autor: Fábio de Melo
Editora: Canção Nova
Páginas: 92-93